O câncer infantojuvenil é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes no Brasil, com as crianças indígenas enfrentando as maiores taxas de mortalidade. De acordo com o Panorama da Oncologia Pediátrica, 76 crianças e adolescentes em 1 milhão de indígenas morrem anualmente devido ao câncer, enquanto essa taxa é de 43 para crianças brancas, 39 para negras e 15 para amarelas. A pesquisa revela ainda que, no Mato Grosso do Sul, estado com uma significativa população indígena, a mortalidade é um dos maiores desafios.
O estudo também destaca a desigualdade na infraestrutura de tratamento. Enquanto a região Sudeste conta com 36 hospitais especializados no atendimento ao câncer infantojuvenil, a região Centro-Oeste tem apenas cinco, e Mato Grosso do Sul possui apenas um hospital habilitado para esse tipo de atendimento. Isso resulta no deslocamento de famílias para outras regiões do país, o que retarda o início do tratamento e agrava a condição de saúde das crianças e adolescentes, especialmente em localidades mais remotas.
Além disso, o Panorama aponta que as taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil no Brasil permanecem estáveis há 20 anos, enquanto outros países têm apresentado avanços consideráveis. A gerente de Oncologia do Instituto Desiderata, Carolina Motta, ressalta a necessidade de priorizar o câncer infantojuvenil nas políticas públicas para melhorar o tratamento e reduzir as taxas de mortalidade, alinhando o Brasil com as melhores práticas globais, onde as chances de cura têm superado 80%.