Em 2024, o estado do Pará enfrentou intensos períodos de calor extremo, com destaque para Melgaço e Belém, que registraram 228 e 212 dias consecutivos de altas temperaturas, respectivamente. O levantamento indicou que 46 cidades paraenses passaram mais de 150 dias sob calor extremo, sendo o Pará o estado com o maior número de cidades afetadas. Esse fenômeno, impulsionado pelo aquecimento global e agravado por práticas como o desmatamento e queimadas, afetou cerca de 4 milhões de pessoas no estado, representando uma parte significativa da população brasileira exposta a esse tipo de estresse térmico.
O impacto do calor não se limitou às condições climáticas, mas também teve graves consequências na saúde da população. A exposição constante ao calor tem aumentado os casos de desidratação e insolação, afetando principalmente comunidades ribeirinhas e populações vulneráveis. Além disso, a seca, que afetou a disponibilidade de recursos naturais e serviços básicos, dificultou ainda mais a vida de muitas pessoas, especialmente em regiões isoladas como Melgaço, a cidade com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Essas áreas enfrentam grandes dificuldades no acesso a cuidados médicos, agravando as desigualdades sociais.
Embora o governo do Pará tenha implementado medidas para combater o desmatamento e o avanço das queimadas, como a redução histórica das taxas de desmatamento em 2024, a situação ainda exige uma resposta mais eficaz diante dos desafios climáticos e sociais. O estado se prepara para sediar a COP30, o que coloca o Pará sob os olhos internacionais, enquanto busca equilibrar a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico, incluindo o uso de créditos de carbono. No entanto, o calor extremo e os incêndios ilegais continuam a ser grandes obstáculos para alcançar um futuro sustentável.