Em 2024, o Brasil enfrentou um dos anos mais quentes da história, com Melgaço e Belém, no Pará, registrando os maiores períodos de calor extremo no país. Melgaço, com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, viveu mais de 200 dias de calor intenso, afetando gravemente a saúde e o bem-estar de sua população. A cidade, cercada pela floresta e com infraestrutura precária, enfrentou temperaturas de até 38°C, o que dificultou atividades diárias, como o cultivo do açaí e o acesso à água potável. A falta de recursos e a distância da cidade agravam ainda mais a situação, tornando a convivência com o calor um desafio constante.
Além do calor intenso, a região foi marcada por queimadas que agravam a qualidade do ar e a saúde pública. O Pará, com o maior número de focos de incêndio no Brasil em 2024, enfrentou uma situação crítica, afetando diretamente a população de Melgaço. A fumaça das queimadas resultou em aumento significativo de doenças respiratórias, especialmente entre crianças e idosos. O isolamento geográfico da cidade, sem acesso rápido a serviços de saúde e infraestrutura básica, tornou o cenário ainda mais desafiador para os moradores, que enfrentaram a escassez de água e recursos em um ano de seca severa.
Especialistas destacam que o calor extremo e suas consequências são um reflexo das mudanças climáticas, que têm impactos desproporcionais em áreas mais vulneráveis. A combinação de fenômenos naturais, como o El Niño, e atividades humanas, como o desmatamento e as queimadas, exacerba a situação. Em cidades com menos infraestrutura e recursos, como Melgaço, a população sofre mais intensamente, evidenciando as desigualdades sociais e a necessidade urgente de políticas públicas voltadas à mitigação dos efeitos climáticos e à melhoria da qualidade de vida nas áreas mais afetadas.