O embaixador Maurício Lyrio, negociador-chefe do Brasil no Brics, destacou que a visão de que o grupo atua contra os Estados Unidos é equivocada. Em entrevista, Lyrio afirmou que o Brics foi criado para promover o desenvolvimento dos países emergentes, e não como um antagonismo aos países ricos. Segundo ele, o grupo busca fomentar a cooperação global para enfrentar desafios como a mudança climática e a pobreza, com benefícios também para economias mais desenvolvidas. Lyrio reforçou o papel do Brics no G20, enfatizando a importância da colaboração entre países ricos e em desenvolvimento.
Porém, especialistas em relações internacionais apontam que as recentes expansões do Brics podem, de fato, fortalecer a influência geopolítica de países como Rússia e China, em especial em regiões como a América Latina. A entrada de novos membros, como Cuba e Bolívia, geraria mais proximidade política e comercial entre os países do bloco e essas grandes potências, potencializando o impacto de seus conflitos com os Estados Unidos. O aumento da cooperação financeira no bloco tem sido acompanhado por discussões sobre o uso de moedas locais nas transações entre os países membros, o que poderia reduzir a dependência do dólar americano.
Além disso, o Brasil, que assumiu a presidência temporária do Brics, tem como um de seus principais focos a facilitação do comércio e investimentos entre os membros do bloco, especialmente em setores sustentáveis. O país também está liderando debates sobre a governança global da inteligência artificial, reconhecendo o potencial da tecnologia para resolver problemas globais, mas também alertando sobre os riscos, como a proliferação de desinformação e a substituição de empregos. A questão da moeda e do comércio no Brics segue sendo um tema central nas negociações do grupo.