Os mercados financeiros operam em forte queda devido ao anúncio de um novo pacote de tarifas comerciais dos Estados Unidos, que afeta países como México, Canadá e China. O economista Otaviano Canuto, ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-vice-presidente do Banco Mundial, alertou que o Brasil pode ser um dos próximos alvos dessa política protecionista, principalmente nos setores de aço e alumínio. Para Canuto, é apenas uma questão de tempo até que o governo dos EUA expanda suas tarifas a outras nações.
A possibilidade de retaliação por parte do governo brasileiro já está sendo discutida, com a opção de aplicar tarifas de contrapartida. No entanto, o Brasil enfrenta desafios devido à sua dependência comercial dos EUA. Canuto também apontou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) possui capacidade limitada para mediar o conflito, já que o tribunal de apelação da organização está paralisado por questões políticas envolvendo a nomeação de juízes pelos Estados Unidos.
Os efeitos dessa escalada protecionista são evidentes nos mercados globais, com volatilidade em moedas emergentes e quedas nas bolsas de valores. Canuto afirmou que o aumento das tarifas pode resultar em uma alta nos preços dos produtos importados nos EUA, o que pressionaria a inflação global. Além disso, ele acredita que a política de tarifas poderá forçar o Federal Reserve a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo, impactando a economia mundial.