O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, avaliou que a economia brasileira vive um cenário crítico, comparando a situação a um paciente em estado grave na UTI. Ele destacou que os juros futuros estão muito elevados, e que a única solução plausível seria um ajuste na política fiscal. Durante um seminário no Rio de Janeiro, Fraga alertou que, apesar dos bons resultados obtidos até agora, como a queda do desemprego, a trajetória da dívida pública e a desaceleração da economia exigem ações urgentes.
Fraga também se mostrou preocupado com a crescente dívida pública, que ultrapassa os 75% do PIB, e com a possibilidade de desaceleração econômica, o que poderia piorar ainda mais a situação fiscal. Ele afirmou que o Banco Central não possui poderes mágicos para resolver esse cenário e sugeriu que a política fiscal deve ser centralizada nas decisões do governo, já que o controle da inflação, com a política monetária, depende dessa mudança.
Em resposta, o atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que está ciente das dificuldades, mas defendeu que a política monetária tem como objetivo controlar a inflação e que essa abordagem já é amplamente apoiada pelos mercados. Contudo, Galípolo observou que o mercado está mais atento à postura do governo diante da desaceleração econômica, reconhecendo a complexidade do papel da autoridade monetária, que precisa equilibrar ações preventivas com a gestão de incertezas econômicas.