O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou que a taxa básica de juros, a Selic, pode alcançar níveis historicamente elevados para controlar a inflação, que atualmente ultrapassa a meta estabelecida. Em um evento no Rio de Janeiro, Galípolo destacou que o aumento da Selic, que subiu para 13,25% em janeiro e deverá atingir 14,25% em março, é um passo necessário para controlar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que está acima da meta de 3%. Apesar dos efeitos negativos para a economia, como desaceleração da atividade e dificuldades para empresas e famílias, o presidente afirmou que essa política é essencial para alcançar a meta de inflação.
Galípolo também se referiu aos efeitos das reformas econômicas recentes e ao crescimento superior ao esperado do Brasil em 2024, destacando que a economia tem se comportado melhor do que o mercado projetava. No entanto, ele enfatizou que as evidências de ganho de produtividade fora do setor agrícola ainda são limitadas e que mais tempo e investigação são necessários para avaliar o impacto das reformas. Além disso, mencionou o papel do pagamento de precatórios na injeção de recursos na economia, que, segundo ele, teve um efeito fiscal mais expressivo do que o inicialmente previsto.
A política fiscal, incluindo a distribuição de renda por meio de programas como o Bolsa Família, também foi mencionada como um fator que impulsionou a demanda e pressionou a inflação. Galípolo observou que o efeito distributivo gerou uma maior resiliência econômica, mas também contribuiu para as pressões inflacionárias. Ele concluiu que o aumento da Selic é uma medida preventiva e necessária diante dos desafios econômicos, e o Banco Central seguirá monitorando os dados para garantir a eficácia das ações adotadas.