Na reunião de dezembro do ano passado, o Banco Central (BC) adotou a estratégia de aumento da taxa Selic em 1 ponto porcentual, colocando a política monetária em um ritmo contínuo. Embora a reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom) não tenha trazido grandes novidades, a atenção se voltou para as possíveis diretrizes do BC em relação à inflação e ao ritmo de aumento da taxa, especialmente para o encontro dos diretores do BC em maio. A expectativa é que o ciclo de aumento de juros continue com mais um aumento de 1 ponto porcentual na próxima reunião, mas sem compromissos claros sobre os passos subsequentes.
O comunicado do Copom gerou reações diversas no mercado. Para muitos economistas, o tom foi considerado dovish, ou seja, mais suave, por não sinalizar aumentos de juros tão agressivos nos próximos meses. Isso se deve, em parte, ao reconhecimento de que o cenário externo e a desaceleração econômica doméstica podem impactar o ritmo de ajustes da política monetária. No entanto, o BC manteve a projeção de inflação em 4% para o horizonte relevante, o que contribui para um equilíbrio entre o otimismo cauteloso e a prudência diante das incertezas econômicas.
Apesar das interpretações mais moderadas, outros analistas entenderam o comunicado como hawkish, destacando que o BC, embora tenha suavizado sua postura em relação à economia, ainda mantém uma vigilância constante sobre os riscos de inflação. Para alguns economistas, a comunicação do Copom reflete uma tentativa de lidar com os impactos de políticas externas, como as medidas de Donald Trump, e a evolução da atividade econômica interna, que ainda gera dúvidas quanto à intensidade da desaceleração. A decisão foi vista como uma medida cautelosa, mas aberta a ajustes conforme a evolução do cenário global e nacional.