O Banco Central (BC) está adotando uma postura cautelosa em relação à sua política monetária devido ao cenário de grandes incertezas econômicas. O diretor de Política Monetária, Nilton David, afirmou que a autarquia pretende ter um nível de segurança acima do normal nas suas decisões sobre a taxa básica de juros. Durante evento em São Paulo, ele reiterou a possibilidade de um aumento de 1 ponto porcentual da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março, como medida para lidar com a atual volatilidade.
Em relação à meta de inflação, David destacou que o BC busca minimizar riscos para atingir a meta de 3%, mas reconheceu que o cenário se tornou mais desafiador. Ele comparou o atual ambiente econômico a um jogo de futebol, afirmando que o “gol” da meta de inflação aumentou, o que exige mais cautela nas decisões. O diretor também mencionou que a projeção de inflação para 2024 é de 5,2%, com um possível alívio para 4% no terceiro trimestre de 2025, ainda acima da meta central, mas dentro do intervalo de tolerância.
No campo econômico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou um crescimento de 3,8% no Brasil em 2024, em comparação com o ano anterior. Contudo, o indicador apresentou uma leve retração de 0,73% em dezembro, refletindo um possível arrefecimento da economia, especialmente diante do atual patamar de juros. O economista Luis Otávio de Sousa Leal apontou que, apesar do bom desempenho em 2024, é possível que a desaceleração se aprofunde no início de 2025, dependendo da evolução do cenário econômico.