Em janeiro de 2025, os argentinos realizaram um gasto recorde de US$ 645 milhões com cartões de crédito em moedas estrangeiras, o maior valor desde fevereiro de 2018, conforme dados do Banco Central da Argentina. Esse aumento reflete a tendência de consumo em dólares, resultado da política cambial do governo do presidente Javier Milei, que tem buscado manter a estabilidade do peso em relação ao dólar, permitindo sua desvalorização gradual. Além disso, a queda da moeda local em relação à inflação tem tornado o custo de vida no país mais alto, o que leva muitos cidadãos a buscar consumir fora, principalmente em países vizinhos mais baratos.
Os gastos com cartões de crédito, que não incluem transações em débito ou carteiras digitais, indicam uma mudança nas preferências dos argentinos, que têm utilizado mais seus recursos no exterior, afetando diretamente o fluxo de comércio e investimento no país. A perda de US$ 2,1 bilhões em turismo durante o primeiro ano de Milei no governo evidencia esse movimento, com mais argentinos gastando fora do que turistas estrangeiros gastando na Argentina. Essa situação ocorre em um cenário de crise econômica e necessidade urgente de dólares no país, o que levou o governo a adotar medidas de contenção, como a taxação de compras internacionais.
Apesar das tentativas de inibir o consumo externo por meio de impostos sobre transações, a eficácia dessas medidas foi reduzida com a diminuição de algumas taxas. A manutenção de múltiplas taxas de câmbio também contribuiu para a diferença entre os valores pagos no mercado formal e no mercado paralelo, afetando o comportamento dos consumidores. Com o peso relativamente forte, os gastos com dólares se tornaram mais acessíveis, o que levanta preocupações sobre o impacto desse comportamento na conta corrente do país, especialmente no primeiro mês de 2025.