As ações da Ambev (ABEV3) tiveram uma valorização significativa após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), com um aumento de 5,5%, atingindo R$ 11,70. O desempenho superou as expectativas do mercado, com um crescimento de 35% na receita líquida, alcançando R$ 27 bilhões, e um Ebitda ajustado de R$ 9,6 bilhões, também 35% superior ao registrado no ano anterior. A recuperação foi impulsionada por estratégias eficazes de precificação e posicionamento de marca, além de custos mais baixos. No entanto, o desempenho não foi homogêneo, com alguns mercados, como Cerveja Brasil, apresentando resultados abaixo do esperado devido a fatores como impostos mais altos e um clima adverso.
No cenário internacional, a Ambev obteve resultados mais positivos, especialmente na América Latina Sul e Canadá, que haviam enfrentado dificuldades no ano anterior. A estratégia de premiumização, que visa agregar valor aos produtos, foi um fator crucial para melhorar as margens e defender a participação de mercado. Entretanto, o guidance de custos de produtos vendidos (COGS) para 2025, que prevê um aumento entre 5,5% e 8,5%, aponta para possíveis margens mais apertadas no futuro, devido à pressão inflacionária e aos custos crescentes de produção. O mercado, no entanto, reagiu bem aos números, embora haja preocupações em relação à sustentabilidade do crescimento, especialmente no Brasil.
A análise dos bancos de investimento aponta para uma melhora nos valuations das ações da Ambev, que estão sendo negociadas com um desconto significativo em relação aos pares globais, o que pode tornar os papéis atrativos para investidores de longo prazo. Contudo, existem riscos associados à desaceleração dos volumes e ao impacto da inflação nos preços. Além disso, o aumento da capacidade de produção da Heineken e a intensificação da concorrência podem prejudicar a dinâmica competitiva da empresa. Apesar do bom desempenho no 4T24, o mercado continua atento aos desafios futuros, especialmente no Brasil, onde o controle de custos e a capacidade de repassar preços são questões-chave para a sustentabilidade do crescimento no longo prazo.