Um estudo realizado pelo projeto Amazônia2030 revelou que a intensificação das interdições aéreas na região levou ao aumento do tráfico de drogas via rios, resultando em maior exposição de pequenas cidades à violência e ao crime organizado. O estudo identificou dez rios no estado do Amazonas utilizados por facções criminosas para o escoamento de entorpecentes, com destaque para o município de Eirunepé, onde a taxa de homicídios cresceu consideravelmente entre 2005 e 2020, após a mudança das rotas de tráfico de drogas.
Entre 1996 e 2004, Eirunepé registrava 3,7 homicídios por 100 mil habitantes, mas, após a implementação de políticas de intervenção aérea pela Força Aérea Brasileira, esse número saltou para 34 homicídios a cada 100 mil habitantes, um aumento de 819%. A nova logística fluvial exigiu maior apoio logístico e envolveu as comunidades locais nas rotas, tornando-as mais vulneráveis à atuação de grupos criminosos. A pesquisa também aponta que, entre 2005 e 2020, 27% das 5.337 mortes registradas nas cidades da região Oeste da Amazônia foram relacionadas ao tráfico e à violência, com grande parte das vítimas sendo homens de 20 a 49 anos.
O estudo sugere que políticas públicas voltadas para o fortalecimento do monitoramento das rotas fluviais, a educação e a capacitação das comunidades locais, e o investimento em alternativas sustentáveis são essenciais para combater o aumento da violência. Além disso, é destacado que a cooperação internacional deve ser ampliada para enfrentar os desafios impostos pelo tráfico de drogas na região, que continua a afetar gravemente as populações locais e a segurança na Amazônia.