O Amarone della Valpolicella é um dos vinhos mais emblemáticos da Itália, conhecido por sua potência e longevidade. Produzido com uvas secas através do método tradicional de “appassimento”, o vinho adquire um alto teor alcoólico, geralmente entre 15,5% e 17%. A técnica de desidratação das uvas, que remonta aos sótãos das casas, atualmente é realizada em armazéns com ventiladores gigantes, proporcionando uma concentração de sabor única. O Amarone é reconhecido por sua capacidade de envelhecer por décadas, especialmente nas melhores safras, que podem ser guardadas por até 50 anos.
Apesar de seu histórico de vinhos robustos, há uma mudança no mercado que reflete as preferências dos consumidores por opções mais leves e elegantes. Nos últimos anos, muitos produtores de Amarone têm reduzido o tempo de secagem das uvas, de 90 para 60-70 dias, o que resulta em vinhos mais equilibrados e menos intensos. Além disso, a utilização de barris de carvalho também tem sido ajustada, favorecendo vinhos com maior frescor e sutileza. Essa tendência de elegância tem ganhado força, com enólogos sugerindo que esse caminho é essencial para manter a relevância do Amarone no mercado global.
Vinícolas como I Vigneti di Ettore, Ca’ Rugate, Ca’ La Bionda e Secondo Marco são exemplos de produtores que estão liderando essa mudança, criando Amarones mais finos e harmônicos. Apesar de o vinho jovem ainda apresentar grande potencial de envelhecimento, esses novos estilos buscam um equilíbrio maior, com menos ênfase na potência e mais na finesse e complexidade aromática. A safra de 2020, embora considerada mais suave, mostra que a busca por um Amarone mais elegante está longe de ser uma tendência passageira, com exemplares promissores que devem atingir seu ápice de sabor entre 12 e 18 anos de guarda.