A Alemanha já fez escolhas estratégicas cruciais três vezes na história da República Federal, sempre com a colaboração dos Estados Unidos, que ajudaram a moldar um futuro melhor para a Europa. O atual governo de coalizão, sob Friedrich Merz, enfrenta uma nova oportunidade histórica para garantir avanços tanto para a Alemanha quanto para o continente. Contudo, o sucesso dessa empreitada dependerá da capacidade do governo em lidar com a crise atual. Caso falhe, a Alemanha e a Europa poderão regredir de forma rápida e significativa, afetando negativamente seu futuro.
A principal diferença entre os momentos históricos anteriores e o atual é a mudança na relação entre a Alemanha e os Estados Unidos. Nas décadas de 1940, 1960 e 1980, as políticas da Alemanha estavam alinhadas com as dos EUA. No cenário atual, no entanto, o novo governo alemão terá de construir uma Europa mais forte, democrática e independente, sem o apoio pleno dos Estados Unidos, especialmente considerando as tensões geradas pelas políticas de Donald Trump.
O momento mais surpreendente da recente eleição foi quando Merz, conhecido por seu forte apoio atlanticista, declarou que a Europa deveria buscar maior autonomia em relação aos Estados Unidos. Isso representa uma postura mais firme, comparável à do presidente francês Emmanuel Macron, que manteve uma abordagem mais submissa em relação à Casa Branca. Assim, a Alemanha se posiciona em uma linha mais assertiva, com o potencial de definir um novo curso para a União Europeia em um cenário global instável.