A sobretaxa anunciada pelos Estados Unidos sobre o aço importado pode afetar três grandes siderúrgicas brasileiras: ArcelorMittal, Ternium e CSN. Essas empresas lideram as exportações de semiacabados de aço, principalmente laminados planos, para o mercado americano, que somaram US$ 2,8 bilhões em 2024. A produção dessas exportações ocorre, principalmente, nas unidades de Pecém (CE) e no Rio de Janeiro, abastecendo as siderúrgicas dos Estados Unidos com produtos finais.
O Brasil tem um ponto importante a ser considerado nas negociações com o governo americano, uma vez que o país importa cerca de US$ 1 bilhão anuais em carvão dos Estados Unidos para fabricar o aço. Assim, a redução da produção siderúrgica brasileira poderia resultar em menor demanda por carvão americano, o que poderia ser usado como argumento nas discussões com a administração de Donald Trump. Em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil já havia chegado a um acordo com os Estados Unidos, aceitando cotas de importação para evitar a sobretaxa.
Atualmente, o governo brasileiro busca retomar as negociações, embora enfrente a dificuldade de uma falta de canais estabelecidos de comunicação com o novo governo americano. Até o momento, não houve contatos de alto nível com representantes importantes do governo de Washington, o que dificulta a abertura de um diálogo produtivo sobre a questão.