“A Vida em Um Dia”, do escritor holandês A. F. Th. van der Heijden, apresenta um universo onde a vida é condensada em um único dia, com cada experiência sendo irrepetível. A narrativa acompanha dois adolescentes, Benny e Gini, que vivem um amor proibido, desafiando as limitações de um mundo peculiar em que até as experiências mais essenciais, como o ato de comer ou se apaixonar, ocorrem apenas uma vez. A história se desenrola com eles tomando decisões ousadas para transcender as regras da existência e tentar reverter seu destino.
Ao engravidar após uma única relação com Benny, Gini percebe o rápido envelhecimento de ambos. Determinados a reviver sua paixão, elaboram um plano radical para garantir um lugar no inferno, onde acreditam que poderiam repetir o ato de amor sem fim. No entanto, o ato que os leva à execução separa-os para sempre, com Benny sendo condenado ao inferno e Gini ao céu, criando uma distância definitiva entre os dois. O autor explora o desejo de permanência em um mundo que se esvai rapidamente e os dilemas existenciais que surgem diante das escolhas inevitáveis.
O livro extrapola o fantástico ao tocar em questões universais, como o peso das decisões e a busca por significado em uma vida limitada. Van der Heijden, aos 73 anos, propõe uma reflexão profunda sobre a fragilidade humana e os desafios da existência. A obra se transforma em um convite à introspecção, onde o autor revela que, mesmo na desilusão, há algo que atrai e aprisiona, questionando os limites da experiência humana e da própria mortalidade.