“A Substância” é um filme de terror que não poupa o público de cenas grotescas e violentas, muitas vezes envolvendo personagens femininas em momentos de vulnerabilidade física e emocional. Dirigido por Coralie Fargeat, o filme apresenta Elisabeth Sparkle, uma estrela decadente que, ao completar 50 anos, recorre a uma substância misteriosa para recuperar sua juventude, mas a transformação resulta em consequências terríveis, tanto para ela quanto para outra figura que surge de dentro de seu corpo. A narrativa mistura cenas de gore com críticas ao sexismo e à forma como a sociedade observa os corpos femininos, abordando de maneira exagerada as pressões enfrentadas pelas mulheres ao envelhecer.
Apesar do caráter extremo da violência e da nudez, o filme não se limita a um simples espetáculo de horror. Fargeat utiliza o gênero para explorar questões mais profundas, como o impacto emocional causado pela misoginia e pelo etarismo. O horror corporal se torna uma ferramenta para retratar o autodesprezo e as cicatrizes deixadas pela busca incessante por padrões de beleza e juventude. Em uma cena marcante, Elisabeth se vê diante de um espelho, refletindo o julgamento que sofre tanto da indústria quanto de si mesma, sem as distorções grotescas que marcam o resto da trama.
O clímax do filme apresenta uma figura monstruosa, que sintetiza os dilemas enfrentados por Elisabeth, representando tanto o desejo de liberdade quanto o preço da autossuficiência. O momento é uma crítica direta à superficialidade e à rejeição imposta pela sociedade a mulheres envelhecendo no centro das atenções, particularmente no contexto de Hollywood. Ao longo de sua história, “A Substância” mistura elementos de terror com uma reflexão ácida sobre o culto à juventude, criando uma experiência desconfortável, mas intelectualmente provocativa.