Quando Nise da Silveira iniciou seus tratamentos com terapia ocupacional baseada na arte, ela visava ajudar seus pacientes a expressarem suas emoções e, ao mesmo tempo, revelar talentos artísticos ocultos em pessoas marginalizadas pela sociedade e pela ciência. O trabalho de Nise, realizado no Hospital Psiquiátrico Pedro II, foi pioneiro ao mostrar que a criatividade permanecia viva mesmo em pessoas diagnosticadas com transtornos mentais graves. Isso culminou na criação do Museu de Imagens do Inconsciente, que preserva e divulga as produções artísticas dos pacientes e tornou-se um importante espaço de pesquisa e reconhecimento.
A criação do museu em 1952 foi um marco na história da arte e da psiquiatria brasileira. Nise e seus colaboradores ajudaram a desmistificar a ideia de que a doença mental destrói a criatividade. Ao longo dos anos, o museu passou a guardar mais de 400 mil obras e se tornou um centro de exposições, incluindo mostras de grande relevância como “Nise da Silveira – A revolução do afeto”, que abordam a relação entre saúde mental e arte. A experiência foi transformadora tanto para os pacientes quanto para os profissionais envolvidos, com destaque para a preservação de um vasto acervo que inclui as pesquisas e os estudos de Nise sobre o inconsciente.
Além de preservar o trabalho artístico, o Museu de Imagens do Inconsciente também tem atuado como um local de valorização e ampliação do entendimento sobre os mundos internos dos indivíduos, cujas histórias muitas vezes são estigmatizadas pela sociedade. Com a realização de mais de 200 exposições e a digitalização de suas obras, o museu continua a ser um ponto de referência para a arte contemporânea e a psicologia, promovendo um diálogo entre o passado e o presente, além de fomentar uma reflexão sobre a marginalização das pessoas em situação de vulnerabilidade.