Em 1984, o Campeonato Mundial de Xadrez entre Garry Kasparov e Anatoly Karpov em Moscou foi marcado por tensões políticas e emocionais que refletiam o momento vivido pela União Soviética. O duelo, que durou cinco meses e 48 jogos, se tornou simbólico, com o resultado representando mais do que uma simples competição esportiva. Kasparov, então jovem, foi desafiado por Karpov, o campeão da época, mas conseguiu se recuperar após um início difícil, chegando a reduzir a vantagem de Karpov para 5-3 nos jogos finais.
No entanto, a partida foi abruptamente interrompida pelo presidente da Federação Internacional de Xadrez, que alegou motivos de saúde para os jogadores. A decisão, que causou surpresa e indignação, foi vista por muitos como influenciada pela política da União Soviética, que controlava a FIDE. Alguns, incluindo o grande mestre Gennadi Sosonko, sugeriram que havia um interesse político por trás da interrupção, já que o ambiente da época estava altamente carregado de tensões, e um possível triunfo de Kasparov representaria uma mudança no poder dentro da URSS.
Apesar da controvérsia, Kasparov acabaria vencendo o campeonato em uma revanche no final do mesmo ano e continuaria a dominar o cenário mundial de xadrez nos anos seguintes. O episódio de 1984-85 permanece como um marco na história do xadrez, simbolizando não apenas a rivalidade entre dois dos maiores jogadores da história, mas também a forma como o esporte foi influenciado pelas dinâmicas políticas da Guerra Fria. Hoje, Kasparov é reconhecido como um dos maiores mestres de xadrez de todos os tempos.