A Organização das Nações Unidas (ONU) destaca a importância da maior participação das mulheres na ciência para promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino. O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela ONU em 2015, visa incentivar ações que incluam esse público nas áreas científicas. No Brasil, no entanto, a situação é agravada pela intersecção entre gênero e raça, como demonstrado por uma pesquisa de 2023 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que revelou que apenas 2,5% dos docentes em programas de pós-graduação nas ciências exatas eram mulheres negras, pardas ou indígenas, enquanto a presença de mulheres brancas alcançava 29,2%.
A professora Márcia Pereira, única mulher negra no corpo docente do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, destaca a importância de sua presença como referência para as novas gerações. A implementação de políticas de cotas raciais, segundo ela, é essencial para promover a diversidade no ensino superior. A estudante Daphny Santos e a pesquisadora Monique França também defendem as cotas como uma estratégia fundamental para garantir representatividade e discutir temas ignorados, como o racismo no setor de saúde.
Apesar de avanços, como a recente aprovação no Congresso Nacional da ampliação das vagas reservadas para 30%, incluindo grupos indígenas e quilombolas, a implementação da lei de cotas ainda enfrenta desafios. A fragmentação das vagas e as limitações no processo seletivo dificultam a efetivação dessas políticas. Mudanças, como a criação de editais únicos, são vistas como essenciais para ampliar as vagas e garantir a inclusão e diversidade no ambiente acadêmico, promovendo um espaço mais igualitário na ciência e na educação superior.