O romance de estreia de Michael Amherst segue a vida de Daniel, um garoto de 12 anos, enquanto ele navega pelas pressões e descobertas da infância precoce. A narrativa começa com uma descrição detalhada de uma pequena cidade inglesa, onde o protagonista vive. Amherst constrói um ambiente tenso e introspectivo, destacando o preparatório onde Daniel estuda e a abadia com sua torre normanda, além de enfatizar a presença constante das três rios que inundam a cidade durante o inverno, representando simbolicamente os desafios internos do personagem e suas lutas por liberdade.
Daniel é apresentado como um garoto sensível e observador, com uma mente complexa e cheia de questionamentos sobre religião, masculinidade e a natureza da narrativa. Apesar de sua juventude, ele demonstra uma consciência profunda sobre as contradições da vida e um desejo insaciável de compreender o mundo ao seu redor. Sua inocência, marcada por delírios de grandeza, como imaginar-se Jesus ou lamentar-se por não ter escrito uma peça musical como Mozart, adiciona uma camada de humor e tragédia ao enredo.
A história de Daniel é um retrato de autodescoberta, onde ele é constantemente desafiado a equilibrar suas aspirações com as expectativas externas. A busca por identidade e a inevitável transição da infância para a adolescência são temas centrais, e a presença das águas que invadem a cidade é uma metáfora para os momentos de sobrecarga emocional e as tentativas do protagonista de contornar suas próprias limitações. Com uma prosa sensível e detalhada, Amherst cria um universo rico e multifacetado, que reflete tanto a complexidade interna do personagem quanto o ambiente ao seu redor.