A instalação do regime militar no Brasil afetou diretamente a cidade de Brasília, que, apesar de ter sido inaugurada poucos anos antes, presenciou desaparecimentos, tortura e repressão. A repressão se intensificou nos movimentos trabalhistas e estudantis, com destaque para a perseguição e prisão de líderes da Universidade de Brasília (UnB). A capital também foi palco de eventos marcantes, como a Revolta dos Sargentos e o golpe de 1964, quando a ditadura foi consolidada.
A Universidade de Brasília, um dos centros mais afetados pela ditadura, sofreu invasões frequentes, sendo os estudantes e professores alvos de censura e violência. Durante a década de 60, a UnB foi invadida quatro vezes, com a prisão de centenas de pessoas, incluindo o estudante Honestino Guimarães, que desapareceu em 1973. O movimento estudantil resistiu com ações em várias escolas e universidades, com destaque para o colégio Elefante Branco, que foi um importante espaço de resistência contra o regime.
Nos anos finais da ditadura, o movimento Diretas Já mobilizou milhões de brasileiros, exigindo eleições diretas para presidente, o que culminou na eleição indireta de Tancredo Neves em 1985. Embora a transição para a democracia tenha sido gradual, com obstáculos, a criação da Comissão da Verdade na década seguinte permitiu que as violações de direitos humanos fossem reconhecidas. O filme “Ainda estou aqui”, que retrata a luta de Eunice Paiva, trouxe à tona a memória dessas violações, ganhando grande repercussão e reforçando o interesse do público pelos eventos do período militar.