A adaptação de 1975 de “The Stepford Wives”, baseada no thriller de ficção científica de Ira Levin, tem momentos que causam desconforto, mas a proposta de esposas submissas, controladas por seus maridos, ainda parece buscar uma melhor abordagem no cinema. A história se passa em uma vila onde as mulheres são vistas como perfeitas donas de casa, com sorrisos serenos e cozinhas impecáveis, mas sem personalidade ou vida própria. O humor do filme se revela na representação dos maridos, que são homens sem grande personalidade ou charme, parecendo mais nerds deslocados do que figuras de autoridade. O comportamento estranho das mulheres, como uma delas exclamando “Você é o rei, Frank!” durante um momento íntimo, faz com que outras mulheres percebam que algo está errado.
Embora a adaptação de 1975 tenha mantido uma relevância cultural por mais de cinquenta anos, a ideia central do filme, sobre a manipulação de mulheres em uma sociedade idealizada, ainda é mais impactante do que a execução artística. A obra original teve um grande impacto, influenciando filmes posteriores como “Get Out”, de Jordan Peele, e “Don’t Worry Darling”, de Olivia Wilde, que exploram comunidades controladas por uma engenharia social sinistra. No entanto, a versão de 2004 do filme, estrelada por Nicole Kidman, foi vista de forma negativa, com críticas ao tom exagerado e ao humor.
A expressão “esposa Stepford” se tornou um termo comum para descrever mulheres que se dedicam incondicionalmente aos desejos e necessidades dos homens, deixando de lado seus próprios interesses e ambições. Essa representação de submissão feminina, conforme discutido em filmes e obras literárias, continua sendo um tema de reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e como ela é retratada na cultura popular, levando a um debate sobre os limites da identidade e da autonomia feminina.