O texto descreve a opressiva realidade do calor intenso nas cidades, comparando o corpo humano à carne exposta a métodos de cozimento, como assados ou frituras. A sensação térmica extrema, que chega a superar os 50 graus, é retratada como um processo de cozimento lento e cruel, que atinge todos os habitantes, sem distinção de classe social, idade ou condição física. A cidade, com suas construções de concreto e asfalto, torna-se um grande forno, irradiando calor acumulado ao longo do dia e transformando o ambiente urbano em um espaço sufocante e impiedoso.
A metáfora do cozimento é utilizada para ilustrar como o calor nos afeta fisicamente, desde o suor que escorre até o ressecamento da pele. A cidade, constantemente aquecida, não oferece alívio nem durante a noite, quando as construções continuam a irradiar o calor armazenado. A brisa quente que circula pelas ruas não traz refresco, e a sensação térmica continua a agravar o desconforto dos habitantes. O contraste entre os ambientes climatizados e os espaços ao ar livre intensifica a experiência do choque térmico, fazendo com que a cidade funcione como um grande micro-ondas, onde todos são expostos ao calor de forma desigual.
No final, o texto denuncia a falta de resiliência da cidade para lidar com o calor extremo e os efeitos da poluição, sugerindo que as condições urbanas foram feitas para “cozinhar” seus habitantes, ao invés de protegê-los. A cidade não oferece uma solução para esse sofrimento térmico, e a questão central é a dúvida sobre até quando os cidadãos continuarão a ser “cozidos” por um ambiente que não foi projetado para seu bem-estar, mas para um processo implacável de transformação.