Entre os dias 15 e 18 de janeiro, o número do CPF de uma figura pública foi compartilhado em ao menos 58 chats de extrema direita no Telegram, alcançando um grande número de pessoas. A prática foi identificada por pesquisadores do Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia, que monitoram a disseminação de desinformação e extremismo digital. Os usuários envolvidos demonstraram um comportamento coordenado, ocultando suas identidades para evitar rastreamento, e compartilhando o dado pessoal com sugestões de como usá-lo em situações do cotidiano.
A ação foi registrada pela primeira vez por uma usuária que, ao disseminar o CPF, omitiu sua identificação. Outros participantes seguiram a mesma estratégia, alterando ou ocultando seus nomes para proteger sua privacidade. A recomendação nos grupos incluía, por exemplo, o uso do CPF em compras ou serviços onde a identificação do cliente seja exigida. Esse episódio ocorre em um contexto mais amplo de desinformação, alimentada por rumores sobre mudanças no sistema de transferências financeiras via Pix, que geraram confusão pública.
A Polícia Federal foi acionada para investigar o caso, após o Ministério da Fazenda solicitar apuração sobre o uso indevido do dado pessoal. A disseminação do CPF faz parte de uma série de ataques digitais mais amplos, com origem na disseminação de notícias falsas relacionadas ao governo e políticas fiscais, que atingiram milhões de pessoas. A investigação busca identificar os responsáveis pela distribuição do dado e entender as motivações por trás dessa ação coordenada.