Um estudo recente mostrou que o uso frequente de maconha pode comprometer a memória de trabalho, uma função cognitiva essencial para atividades diárias, como tomar decisões ao dirigir ou manter uma conversa no trabalho. A memória de trabalho envolve a capacidade de reter informações por um curto período e utilizá-las de maneira eficiente, e seu declínio pode afetar tarefas importantes como lembrar de uma lista de compras ou seguir instruções. Os pesquisadores observaram que os usuários pesados de cannabis apresentaram uma atividade cerebral reduzida nas áreas relacionadas à memória e tomada de decisão, comparados a não usuários.
O estudo, baseado em dados do Human Connectome Project, analisou mais de mil ex-usuários ou usuários atuais de cannabis com idades entre 22 e 36 anos, que realizaram diversos testes cognitivos enquanto forneciam amostras de urina para medir o uso recente da substância. Os resultados indicaram que o uso pesado de cannabis ao longo da vida foi mais prejudicial à memória de trabalho do que o uso recente. Aproximadamente 63% dos usuários crônicos de cannabis mostraram redução na atividade cerebral durante uma tarefa de memória de trabalho, com uma diferença de cerca de 14% em relação aos não usuários.
Entretanto, o estudo não conseguiu determinar se o impacto na memória de trabalho é reversível com a abstinência da substância por longos períodos. Embora alguns estudos anteriores indiquem que o cérebro pode recuperar parte de sua função após a interrupção do uso, a pesquisa ainda não consegue responder se os danos causados pela cannabis são permanentes ou recuperáveis. Além disso, fatores como o tipo de consumo (fumar ou ingerir), o nível de THC presente na maconha e condições psicológicas preexistentes, como o TDAH, podem influenciar os resultados, tornando o estudo uma parte de uma questão maior e ainda em aberto.