O Uruguai se tornou um exemplo para a América Latina ao adotar a inclusão digital em larga escala na educação, com o objetivo de transformar o ensino no país. Desde os primeiros anos de escolaridade, o governo uruguaio distribuiu dispositivos digitais para estudantes e professores, implementando a tecnologia de forma integrada ao currículo escolar. A iniciativa é coordenada pelo Ceibal, uma agência independente criada para combater a exclusão digital, especialmente entre famílias de baixa renda. A entrega de laptops e tablets, a capacitação de professores e a manutenção dos dispositivos são pilares centrais desse modelo, que se estende desde o ensino infantil até o técnico.
A inclusão digital não é vista como um fim, mas como uma ferramenta para promover maior equidade educacional. Com a perspectiva de que cada aluno deve ter seu próprio dispositivo, o Uruguai conseguiu distribuir quase 3 milhões de laptops e tablets até 2023. Além disso, o país investiu em plataformas digitais para personalizar o ensino, como a plataforma Matific, que ensina matemática de forma interativa, e a Biblioteca País, que oferece mais de 10 mil livros e materiais educativos. A manutenção dos dispositivos também é uma prioridade, com 80% dos equipamentos danificados sendo reparados em menos de três dias.
O modelo educacional digital do Uruguai é considerado um exemplo a ser seguido, mas sua aplicação no Brasil enfrenta desafios, principalmente devido à divisão de responsabilidades entre os níveis federal, estadual e municipal. Especialistas indicam que, para que o Brasil possa adotar um modelo similar, é necessário centralizar a transformação digital na política educacional, incluindo a formação contínua de professores e a adaptação curricular. A experiência uruguaia demonstra que, além de fornecer equipamentos, é fundamental investir na capacitação docente e no acompanhamento constante das escolas para garantir a eficácia do modelo.