Em dezembro de 2024, a seca histórica que afeta a região do Amazonas prejudica diversas atividades econômicas, sendo o turismo um dos setores mais impactados. Com o nível dos rios extremamente baixo, atividades como a pesca e o transporte fluvial ficam comprometidas, o que afasta os turistas e reduz a renda de ribeirinhos e comunidades indígenas. Em algumas áreas, como o Lago Janauari, os locais, que antes recebiam dezenas de lanchas por dia, agora recebem apenas uma pequena parte dos visitantes habituais. A seca também interfere nas atrações turísticas mais conhecidas, como o encontro das águas e praias em Manaus, além de levar ao fechamento temporário de alguns pontos turísticos, como o Museu do Seringal.
A crise climática, segundo especialistas, está forçando o setor a se adaptar, com destaque para a busca por modelos de turismo mais sustentáveis. A professora Isabel Grimm, especialista em meio ambiente, aponta a necessidade de repensar o turismo de massa e de valorizar experiências mais sustentáveis e menos impactantes. Nesse contexto, o turismo de base comunitária surge como alternativa, priorizando a participação ativa das comunidades locais e respeitando a capacidade ambiental dos destinos. Programas como o do Instituto Mamirauá, que atua na região do Rio Solimões, buscam conciliar o desenvolvimento local com a preservação da biodiversidade e o empoderamento das comunidades.
No Jalapão, o turismo comunitário também é uma aposta para manter o equilíbrio entre a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Líderes comunitários como Ilana Ribeiro Cardoso defendem a importância de um modelo de turismo que, ao invés de impulsionar grandes empreendimentos, fortaleça o protagonismo local e a sustentabilidade. A preocupação é que, sem cuidados, o aumento do turismo possa levar à exploração descontrolada dos recursos naturais, como as nascentes e fervedouros, prejudicando a própria essência da região. Assim, o modelo de turismo sustentável se apresenta como uma necessidade urgente para mitigar os impactos da crise climática e garantir a preservação da Amazônia para as futuras gerações.