Em dezembro de 2024, o Brasil enfrentou a maior saída mensal de dólares da sua história, com um saldo negativo de US$ 26,41 bilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central. Esse resultado foi impulsionado pela fuga de recursos pela conta financeira, que registrou um montante de R$ 28,861 bilhões, e pela entrada de US$ 2,45 bilhões pela conta comercial. A maior saída líquida mensal até então havia ocorrido em setembro de 1998, durante a crise da Rússia, quando US$ 18,919 bilhões haviam deixado o país.
Ao longo do ano de 2024, o fluxo cambial registrou um saldo negativo de US$ 18,014 bilhões, o que representou a terceira maior saída líquida desde o início da série histórica do Banco Central, em 1982. Em comparação, os anos de 2019 e 2020 tiveram saídas ainda mais expressivas, de US$ 44,768 bilhões e US$ 27,923 bilhões, respectivamente. O Brasil teve uma saída significativa via conta financeira, que somou US$ 87,214 bilhões, enquanto a conta comercial teve entrada de US$ 69,2 bilhões, marcando recordes históricos tanto para as saídas quanto para as entradas.
O fluxo cambial é um indicador antecipado das relações monetárias e financeiras entre residentes e não residentes, sendo um reflexo das transações em contratos de câmbio e pagamentos adiantados. O Banco Central divide esse fluxo em duas partes: a conta comercial, que refere-se a transações de exportações e importações, e a conta financeira, que abrange investimentos, empréstimos e operações no mercado financeiro. Em 2024, a fuga de dólares foi mais pronunciada pela conta financeira, refletindo o impacto das turbulências do mercado financeiro sobre o equilíbrio cambial do país.