Juan Gabriel Tokatlian, analista argentino, destaca que a reeleição de Donald Trump traz à tona uma relação de frustração e desinteresse em relação à América Latina. Segundo ele, o retorno de Trump à Casa Branca reflete uma mistura de desprezo e fúria pela região, evidenciada por suas políticas durante o primeiro mandato, como a falta de visitas oficiais e a ênfase em temas negativos como migração, narcotráfico e criminalidade. O autor também argumenta que a América Latina, longe de ser irrelevante, perdeu influência global, o que favorece uma abordagem mais fragmentada e bilateral nos diálogos com os Estados Unidos.
O analista observa que, apesar de Trump ter retomado uma postura de “América para os americanos”, focada em interesses econômicos e geopolíticos, especialmente na disputa com a China, a ausência de ameaças militares diretas da China para a região cria um dilema para os Estados Unidos. Tokatlian sugere que, para enfrentar esse desafio, Washington precisará aumentar sua pressão sobre os países latino-americanos, utilizando recursos limitados e, eventualmente, recorrendo a ameaças de força. Essa estratégia pode intensificar as relações tensas, sem a oferta de apoio concreto aos aliados latino-americanos.
Sobre o México, Tokatlian menciona a relevância do país nas relações comerciais com os Estados Unidos, mas destaca que as tensões em torno de temas como narcotráfico e imigração podem gerar novas pressões. Quanto à relação entre Trump e líderes da América Latina, como o presidente argentino Javier Milei, ele observa que as afinidades pessoais e o pragmatismo econômico podem influenciar decisões políticas. Para o analista, a dinâmica entre os países latino-americanos e os Estados Unidos continuará sendo marcada pela falta de coesão regional e pela fragmentação interna, o que fortalece as ações bilaterais.