Após sua reeleição, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao adotar uma postura mais pragmática e menos agressiva em relação à China. Durante sua campanha eleitoral, Trump havia prometido aplicar tarifas elevadas, de até 60%, sobre produtos chineses. No entanto, já no cargo, ele indicou a possibilidade de um acordo comercial entre os dois países, evitando medidas punitivas imediatas. Esse recuo gerou otimismo nos mercados emergentes, como o Brasil, que viu uma valorização de sua moeda em relação ao dólar. Contudo, a promessa de tarifas de 25% sobre produtos do Canadá, México e China ainda mantém um clima de incerteza.
O contexto econômico atual é delicado, e as possíveis tarifas podem ter consequências para a inflação nos Estados Unidos, afetando diretamente a política monetária do país. A imposição de tarifas tende a elevar os preços internos, o que dificulta o controle da inflação e pode impactar o crescimento da economia global, com reflexos também no Brasil. Além disso, as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo afetam a balança comercial dos Estados Unidos, que enfrenta um déficit significativo com a China. Para o Brasil, a desaceleração da economia chinesa, provocada por tarifas elevadas, pode diminuir a demanda por commodities nacionais.
Por outro lado, uma possível sobreoferta de produtos chineses no mercado global pode criar oportunidades para o Brasil, especialmente no setor agrícola, que se beneficiou nas rodadas anteriores da guerra comercial. No entanto, a falta de uma estratégia comercial mais robusta por parte do Brasil pode limitar o aproveitamento dessas oportunidades. A fragmentação das cadeias de suprimento globais gera vantagens para alguns países, mas o Brasil, sem uma política de exportação mais eficaz, corre o risco de ficar à margem desse cenário.