Em uma operação do Ministério Público do Trabalho (MPT), quatro trabalhadores foram resgatados de uma cooperativa que prestava serviços de triagem de lixo para a prefeitura de Bom Jesus, na Serra gaúcha. Os profissionais, três mulheres e um homem, estavam em condições análogas à escravidão, realizando atividades de separação de resíduos em um galpão na zona rural, em condições degradantes. O local apresentava uma estrutura precária, com falta de água potável, instalações sanitárias e vestiários adequados, forçando os trabalhadores a se sujeitarem a situações indignas, como fazer suas necessidades no mato.
A situação era ainda mais alarmante devido aos riscos à saúde e segurança dos operários. O MPT revelou que os trabalhadores frequentemente lidavam com materiais perigosos, como cacos de vidro, lâminas e seringas descartáveis, sem a devida proteção ou cuidados em caso de acidentes. Além disso, a cooperativa não oferecia vacinas contra doenças como tétano e hepatite B, e os trabalhadores alegaram que, em muitas situações, sequer interrompiam o trabalho após se ferirem, limitando-se a limpar os ferimentos e continuar a jornada.
Em resposta à situação, a cooperativa foi notificada a pagar as verbas rescisórias aos resgatados, que receberão três parcelas do seguro-desemprego. O galpão onde os trabalhadores realizavam a triagem de lixo foi interditado pelas autoridades. O atual prefeito de Bom Jesus e a ex-prefeita se posicionaram sobre o caso, esclarecendo que a ação está vinculada à administração anterior, e a necessidade de revisão do contrato com a cooperativa foi destacada.