O sucessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, herdará um desafio delicado: o debate sobre o projeto de anistia para pessoas investigadas por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023. A discussão sobre a proposta continua dividindo a Casa, com a base aliada do governo buscando barrar seu avanço, enquanto a oposição defende a aprovação com modificações, incluindo a possibilidade de estender o perdão a um ex-presidente. Esse tema se tornou um dos pontos centrais para o próximo presidente da Câmara, Hugo Motta, favorito na disputa para assumir o cargo em fevereiro de 2025.
O projeto de anistia foi adiado em outubro de 2024, quando a análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi travada por uma decisão de Lira. Embora a proposta tenha sido interrompida, a oposição acredita que Lira se comprometeu a colocá-la em votação, o que criou uma pressão que será transferida para Motta. Ao mesmo tempo, investigações relacionadas aos acontecimentos de 8 de janeiro e os desdobramentos envolvendo pessoas investigadas, incluindo o ex-presidente, têm alimentado o debate, com muitos no governo temendo o impacto da aprovação da anistia.
Em meio a esse cenário, a cerimônia de dois anos dos ataques de 8 de janeiro, marcada para esta quarta-feira (8), será um momento significativo. O evento contará com a presença de autoridades e líderes partidários, mas também ocorre em um contexto de atritos entre os Poderes, como no caso das emendas parlamentares. Embora o presidente da Câmara ainda não tenha confirmado sua participação, o evento será uma oportunidade para refletir sobre os avanços e desafios da democracia brasileira no último bienio.