A crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) continua a gerar polêmica, após acusações feitas pela presidência do órgão envolvendo suposto envolvimento irregular de servidores com uma consultoria privada. Em resposta, trabalhadores da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) divulgaram uma carta aberta contestando as alegações, classificando-as como infundadas e parte de uma tentativa de desviar o foco da crise maior que afeta a instituição. A principal queixa dos servidores é que as acusações buscam descreditar o trabalho acadêmico e científico realizado pela ENCE, especialmente em projetos de inovação que contam com financiamento de organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O sindicato Assibge-SN também se manifestou, defendendo que não há vínculo entre seus membros e as alegações de irregularidades mencionadas no comunicado oficial do IBGE. Eles afirmam que as mobilizações contra medidas da gestão de Márcio Pochmann, como a criação da fundação IBGE+, começaram muito antes da investigação interna e que a comunicação da presidência foi deliberadamente vaga e difamatória. O sindicato defende que a apuração deve ser feita com seriedade, preservando o direito de defesa dos envolvidos e evitando ataques à reputação dos servidores.
Além das respostas internas, a consultoria Science, mencionada nas investigações, também negou as acusações e afirmou que os documentos divulgados são especulativos. A empresa reiterou que nunca recebeu recursos do IBGE e que suas operações são transparentes e independentes. O IBGE não se manifestou oficialmente sobre o assunto até a publicação da reportagem. A situação levanta questões sobre a relação entre a gestão do IBGE e seus servidores, assim como sobre a criação de fundações privadas dentro do instituto. A carta dos servidores da ENCE conclui que é necessário abrir um espaço para o diálogo, a fim de superar a crise e promover um ambiente mais colaborativo dentro da instituição.