A Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador no dia 24 de janeiro de 1835, é lembrada como a mais importante rebelião urbana de escravizados no Brasil. Cerca de 600 africanos participaram do movimento, que enfrentou civis e soldados coloniais por mais de três horas. Os participantes eram principalmente africanos muçulmanos, conhecidos como malês, que haviam se organizado secretamente em diversas reuniões e com o apoio de recursos financeiros. Estima-se que mais de 70 pessoas morreram durante o confronto e cerca de 500 foram punidas com penas severas, como morte e prisão. O levante é considerado um dos episódios mais significativos de resistência à escravidão no país.
O levante, que foi planejado e organizado por um longo período, visava não apenas a libertação dos escravizados urbanos, mas também uma expansão para os engenhos, centros principais da escravidão baiana. Embora a revolta tenha durado pouco, ela se tornou um símbolo de resistência e de luta pela liberdade, com a liderança de escravizados urbanos e o apoio de diversas nações africanas. O movimento teve um impacto profundo, refletindo o desgaste da classe senhorial diante da crescente conscientização dos escravizados sobre sua exploração, influenciado por exemplos como a revolução haitiana.
Hoje, a Revolta dos Malês é lembrada através de estudos, livros, filmes e até mesmo eventos culturais, como blocos de carnaval e exposições de arte. A história continua a ser resgatada, como no caso da exposição “Eco Malês” e do livro “Um Defeito de Cor”, que trazem à tona os feitos dos malês e a luta contra a escravidão. A relevância da revolta, que teve consequências políticas e culturais duradouras, permanece viva no imaginário coletivo, especialmente em Salvador, onde o movimento afrodescendente continua a celebrar a resistência à opressão.