A revista científica Neuron acaba de lançar uma edição especial focada nas pesquisas sobre o envelhecimento cerebral. Os estudos abordam como o passar dos anos afeta o cérebro, levando a danos no DNA, ao declínio da função imunológica e à dificuldade em eliminar toxinas, além de apresentar estratégias para promover a saúde cerebral. O editor Axel Guskjolen destaca que, ao focar no envelhecimento como alvo de intervenções, seria possível retardar o surgimento e a progressão de várias doenças, incluindo as neurodegenerativas.
Entre os principais pontos discutidos, destaca-se a diminuição do suprimento de energia para o cérebro devido ao envelhecimento. A pesquisa de Iadecola e Santisteban revela como as alterações no sistema neurovascular cerebral afetam a irrigação sanguínea e reduzem a capacidade do cérebro de eliminar toxinas durante o sono. Além disso, Jonathan Kipnis e seus colaboradores enfatizam a importância do sistema glinfático, que realiza a limpeza do cérebro ao remover resíduos e toxinas, como a proteína beta-amiloide, associada à Doença de Alzheimer. O envelhecimento compromete esse processo, o que pode contribuir para o declínio cognitivo.
Outro destaque da edição é o estudo sobre a relação entre o sistema imunológico e a saúde cerebral, conduzido por Michal Schwartz e sua equipe. Os pesquisadores sugerem que o rejuvenescimento do sistema imunológico, por meio de vacinas, poderia retardar o envelhecimento cerebral. Por fim, a pesquisa também aponta que fatores socioeconômicos, como pobreza e falta de acesso à educação e cultura, podem contribuir para o envelhecimento precoce do cérebro.
