Após mais de nove anos do rompimento da barragem da Samarco, que causou uma tragédia em Minas Gerais e no Espírito Santo, o novo acordo de reparação de danos firmado em 2024 não conseguiu unificar os municípios atingidos. O Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a repactuação, que prevê a transferência de recursos para os municípios afetados, mas condicionou a adesão à desistência de ações judiciais em andamento na Inglaterra. Até o momento, apenas quatro municípios aceitaram a proposta, enquanto outros 42 seguem buscando reparação no tribunal estrangeiro, onde o processo tramita desde 2018.
O acordo oferece R$ 6,1 bilhões para 49 municípios, distribuídos ao longo de 20 anos, mas muitos prefeitos consideram o valor insuficiente diante dos danos causados. Municípios como Mariana, que receberam a maior parte dos recursos, questionam o montante e as condições de parcelamento. A Samarco, por sua vez, informa que vários municípios já aderiram ao novo acordo e que repasses iniciais foram feitos para áreas como infraestrutura, saúde e educação. No entanto, a falta de consenso sobre os valores e as condições continua a gerar insatisfação, especialmente entre os que ainda preferem a reparação no tribunal britânico.
O processo de reparação cível é apenas um dos aspectos da tragédia, que também envolve ações criminais. A Justiça federal no Brasil ainda analisa recursos relacionados à absolvição de réus por crimes ambientais e a continuidade do processo criminal. Enquanto isso, o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) critica o baixo valor das indenizações no novo acordo e a exclusão de representantes dos municípios nas negociações. Com o prazo de adesão ao acordo expirando em março de 2025, os municípios e as vítimas seguem divididos entre manter suas ações na Justiça britânica ou aceitar o novo modelo proposto no Brasil.