A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou a existência de três grupos de conselheiros próximos ao ex-presidente. Cid descreveu uma ala mais radical, que incluía familiares e aliados como Michelle e Eduardo Bolsonaro, um grupo de políticos conservadores e outro moderado, composto por generais que se opunham ao uso da força e ao golpe. O relatório também aponta que os generais temiam que o presidente fosse influenciado pelos membros da ala mais radical.
Cid também confirmou a operação do chamado “gabinete do ódio”, uma estrutura dentro do governo responsável pela criação e disseminação de conteúdos ofensivos às instituições democráticas, como o STF. A investigação revelou que esse gabinete tinha acesso direto ao Palácio do Planalto e operava na produção de material político para o então presidente, impactando as redes sociais e contatos do governo.
Além disso, Cid detalhou o episódio envolvendo presentes recebidos da Arábia Saudita, incluindo joias e um relógio Rolex, que foram vendidos a mando de Bolsonaro. O militar confirmou que a venda desses itens foi realizada para evitar rastros, e que o ex-presidente teria recebido o valor das joias em dinheiro vivo. A delação premiada foi homologada pelo STF em setembro, e o acordo ainda investiga possíveis crimes relacionados ao desvio de bens públicos e lavagem de dinheiro.