O reisado, uma manifestação cultural tradicional que celebra o nascimento de Cristo e a visita dos Reis Magos, segue sendo mantido vivo por figuras como Cícera Flatenara, mestra de Juazeiro do Norte, Ceará. Desde a infância, Cícera foi encantada pelas cantorias, danças e a música típica do reisado, um legado de seu pai, mestre Cicinho. Apesar da dor pela perda do pai no ano passado, ela continua seu trabalho de inspirar jovens a participar da tradição, passando o conhecimento também aos seus filhos e à comunidade. Atualmente, mais de 30 crianças e adolescentes fazem parte de grupos dedicados à arte do reisado.
O reisado, especialmente em Juazeiro do Norte, ganha destaque pelo envolvimento de mulheres, um cenário incomum no passado, mas que hoje se vê como uma prática normal. As apresentações, com seus trajes coloridos e danças de espadas, atraem tanto a juventude quanto adultos, com uma crescente participação de novas gerações. Além disso, a música e os instrumentos como a viola e o maracá continuam sendo um elo importante para a preservação da tradição, embora, como destaca o mestre Antônio Candido, a resistência contra a modernidade e a falta de continuidade nas escolas sejam desafios constantes.
A prática do reisado não se limita ao Ceará, sendo observada também em outras regiões do Brasil, como em Esteio, no Rio Grande do Sul, onde o grupo Estrela Guia mantém o “terno de reis”. A resistência do reisado gaúcho, com suas apresentações improvisadas e de caráter cristão, busca manter a tradição viva em tempos de globalização e internet, especialmente entre as novas gerações. Gabriel Romano, acordeonista do grupo, celebra o envolvimento de sua filha, incentivando-a a vivenciar essa tradição musical que transcende a tecnologia moderna.