Um estudo do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) revelou que, em 2023 e 2024, a cobertura de gelo marinho nas regiões polares sofreu o maior declínio já registrado, com áreas de degelo comparáveis a países europeus de grande porte. A pesquisa aponta que as queimadas no Brasil, especialmente no bioma amazônico, têm contribuído significativamente para esse fenômeno, criando um ciclo vicioso: a emissão de “carbono negro” pelas queimadas é transportada para a Antártica, onde absorve mais calor e acelera o degelo.
O estudo também destaca que, além do derretimento das calotas polares, 2024 se tornou o ano mais quente da história, superando o recorde anterior de 2023. Este aumento da temperatura global já ultrapassou o limite de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, estabelecido pelo Acordo de Paris, o que eleva as preocupações com os impactos de longo prazo no equilíbrio climático. A redução do gelo marinho é especialmente preocupante, pois o gelo desempenha papel crucial nos ecossistemas polares e no efeito albedo, refletindo a luz solar e ajudando a regular as temperaturas globais.
O relatório enfatiza a urgência de ações para mitigar as mudanças climáticas, dada a gravidade dos dados apresentados. A perda do gelo marinho tanto no Ártico quanto na Antártica, associada ao aumento das temperaturas, tem provocado mudanças significativas no ciclo hídrico e em eventos climáticos extremos ao redor do planeta. O projeto Com-ANTAR, que auxilia na comunicação sobre ciência polar, reforça a conexão entre o derretimento do gelo e os desastres ambientais, alertando para os efeitos de longo prazo da crise climática.