As queimadas florestais em Rondônia e a intensa camada de fumaça impactaram diretamente a desova das tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) no rio Guaporé, em Costa Marques (RO). Tradicionalmente, a desova ocorre entre agosto e setembro, mas em 2024, o atraso de 53 dias forçou as tartarugas a iniciarem o processo apenas em outubro. Especialistas apontam que a fumaça comprometeu a temperatura e luminosidade necessárias para a incubação dos ovos. Como consequência, praias foram inundadas pelo rápido aumento do nível do rio, levando a uma mortalidade de mais de 60% dos filhotes.
Apesar do esforço dos voluntários e da ONG Ecovale, que monitoraram os ninhos e cuidaram dos filhotes em tanques para aumentar suas chances de sobrevivência, cerca de 700 mil filhotes foram soltos no rio, um número consideravelmente menor em comparação com 2023, quando 1,4 milhão de filhotes sobreviveram. O fenômeno climático conhecido como “repiquete”, caracterizado por bruscas variações no nível dos rios, também contribuiu para a inundação das áreas de desova.
A ação contou com o apoio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), reforçando a importância da preservação ambiental e da conscientização da população. O episódio ilustra como as mudanças climáticas e práticas humanas, como as queimadas, ameaçam o equilíbrio ecológico, destacando a necessidade de políticas mais eficazes para proteger a fauna e os ecossistemas amazônicos.