O número de nascimentos em Campinas tem registrado uma queda constante desde 2015, com uma redução de 20,1% entre 2015 e 2023. De acordo com dados oficiais, o total de registros de nascimento caiu para o menor valor da série histórica em 2024. Esse fenômeno é atribuído a uma combinação de fatores econômicos e sociais, como o alto custo de vida, a instabilidade financeira e a dificuldade de consolidar uniões afetivas duradouras. A pesquisadora Joice Melo Vieira, da Unicamp, destaca que a incerteza quanto ao futuro e os valores sociais também têm impactado a decisão das pessoas de ter filhos.
Além desses aspectos, a professora aponta a mudança de estilos de vida, onde muitas pessoas optam por priorizar outros objetivos em detrimento da reprodução biológica. Para alguns, a falta de estabilidade econômica e a dificuldade em encontrar um parceiro adequado para constituir uma família podem levar ao adiamento ou até à desistência do projeto de ter filhos. Além disso, a falta de confiança de que as futuras gerações terão uma qualidade de vida superior à dos pais também contribui para essa tendência.
Para lidar com essa queda no número de nascimentos, Joice sugere que alguns países, principalmente os desenvolvidos, têm adotado políticas de incentivo à natalidade, como benefícios econômicos e medidas fiscais. Contudo, ela ressalta que os resultados dessas iniciativas têm sido limitados, uma vez que os fatores que influenciam a decisão de ter filhos são múltiplos e muitas vezes ligados a aspectos emocionais e psicológicos, que são difíceis de reverter. A confiança no futuro e os valores culturais seguem sendo os maiores desafios para reverter essa tendência.