O Brasil encerrou 2024 com US$ 329,7 bilhões em reservas internacionais, uma redução de 7,1% em relação ao ano anterior. A queda de US$ 25,3 bilhões foi principalmente provocada pela venda de dólares pelo Banco Central no final do ano, que injetou US$ 20 bilhões no mercado à vista, devido a uma saída atípica de recursos do país. Além disso, o Banco Central realizou leilões de linha, vendendo US$ 15 bilhões, que retornam posteriormente às reservas. Esse movimento de venda de dólares ocorre em um contexto de alta significativa do dólar, que encerrou o ano com valorização de 27%, impulsionada por fatores internos e externos, como a instabilidade fiscal e a expectativa em torno da economia brasileira.
As reservas internacionais funcionam como uma espécie de colchão contra crises externas, proporcionando autonomia ao Brasil em situações de turbulência econômica global. Esses recursos são aplicados, principalmente, em ativos considerados seguros, como títulos do Tesouro norte-americano. No entanto, a manutenção de grandes reservas também gera um custo, uma vez que o rendimento desses investimentos é inferior ao que o governo paga para emitir dívida no mercado interno, resultando em um “custo de carregamento” anual estimado em R$ 40 bilhões.
A administração do câmbio no Brasil é responsabilidade do Banco Central, que segue uma política de câmbio flutuante. O Banco Central intervém apenas quando há necessidade de evitar movimentos bruscos ou distorções no mercado de câmbio. Apesar da venda de dólares em 2024, tanto o ex-presidente do Banco Central quanto o atual avaliaram que o mercado não sofreu um ataque especulativo. Para a nova gestão, o aumento do dólar é visto como um reflexo do funcionamento natural do mercado e não como uma ação coordenada, com posições opostas sendo tomadas por diferentes agentes econômicos.