A diminuição expressiva das redações que alcançam a nota mil no Enem tem gerado discussões sobre mudanças nos critérios de avaliação e o impacto da pandemia. Segundo especialistas, a banca do Cebraspe, responsável pela correção das redações, tem adotado um modelo mais criterioso, priorizando a argumentação própria do candidato e a originalidade do texto. A Competência 3, que avalia a capacidade argumentativa, passou a ser um dos maiores desafios para os alunos, que agora precisam ir além de citações decoradas e apresentar argumentos mais autênticos e profundos.
A pandemia de Covid-19 também deixou marcas no desenvolvimento da escrita e do pensamento crítico dos estudantes, especialmente durante o período de ensino remoto. A falta de feedback e a dependência de ferramentas digitais, como as redes sociais e inteligências artificiais, prejudicaram a construção de uma argumentação sólida. Isso contribuiu para uma menor confiança dos alunos em suas habilidades, além de dificultar a capacidade de criar textos críticos e autorais. A leitura superficial, impulsionada pelo fácil acesso à informação, também é apontada como um fator negativo.
Para reverter esse cenário, especialistas sugerem uma abordagem pedagógica que valorize o pensamento crítico desde a infância, incentivando a autonomia dos estudantes e a produção de textos com intenções claras e fundamentadas. A capacitação de professores para desenvolver estratégias que estimulem a argumentação é vista como essencial para melhorar o desempenho nas redações. A importância da leitura, da escrita autoral e da compreensão profunda dos temas também são destacados como pilares fundamentais para o sucesso acadêmico e para a formação de cidadãos críticos e conscientes.