O ataque ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal, ocorrido em 8 de janeiro de 2023, é analisado por especialistas como uma manifestação de fanatismo político, impulsionada por uma revolução fantasiosa sem base real. Para Tales Ab´Sáber, psicólogo e filósofo, apesar de o golpe já estar impossível de acontecer após a fuga do ex-presidente, a revolta reflete um contexto de frustração e manipulação ideológica alimentada por acampamentos bolsonaristas. Esses manifestantes se viam envolvidos em uma luta por uma causa imaginária, sem o respaldo militar ou político necessário.
Ab´Sáber destaca que, embora o ex-presidente tenha se ausentado, a sua omissão contribuiu para o caos, pois não houve esforços para desmobilizar os apoiadores. O movimento, que já estava em curso desde a tentativa de paralisação dos caminhoneiros, culminou em ações de vandalismo nas principais sedes políticas do país. Segundo o psicanalista Christian Dunker, a mobilização foi marcada por um conteúdo messiânico, alimentado por fantasmas como o risco do comunismo e uma percepção distorcida da realidade, que engajou pessoas vulneráveis, muitas delas em situações de desespero.
O evento de 8 de janeiro é visto como uma tentativa de golpe fracassada, mas com sérias implicações psicológicas e sociais. Ab´Sáber defende a importância de seguir o rito jurídico, afirmando que a tentativa de golpe é um crime e deve ser tratada como tal, para que a Constituição não seja desrespeitada. Segundo ele, é fundamental que a sociedade compreenda o valor das normas constitucionais e se comprometa com a democracia de maneira coletiva e afetiva, evitando o surgimento de movimentos destrutivos e desestruturantes.