Em Quixadá, no interior do Ceará, homens e mulheres do campo utilizam conhecimentos tradicionais para prever as chuvas do semiárido. A observação atenta de fenômenos naturais, como o comportamento das formigas e as mudanças na vegetação, é essencial para antever o clima da região. Durante o período de janeiro, que marca o início da estação chuvosa no semiárido nordestino, os chamados “profetas da chuva” compartilham suas previsões sobre o volume de precipitação e a possível ocorrência de secas. Esses saberes populares são passados de geração em geração, e os moradores confiam neles para planejar suas atividades agrícolas e o manejo de recursos hídricos.
O comportamento dos animais e das plantas é considerado um termômetro confiável para a chegada das chuvas. Por exemplo, formigas que constroem suas casas longe dos açudes indicam que uma grande quantidade de água virá, e árvores que descascam são sinais de que se prepara para absorver a chuva. Embora haja uma certa divergência na interpretação científica do clima, as previsões feitas pelos profetas da chuva apresentam uma taxa de acerto notável, segundo relatos de moradores e especialistas locais.
Essa conexão profunda com a natureza tem um papel crucial na vida dos sertanejos, especialmente em tempos de mudanças climáticas, quando as previsões meteorológicas podem ser incertas. As previsões ajudam a regular o planejamento agrícola, o armazenamento de água e até mesmo o estado emocional dos moradores, que dependem da chuva para a sobrevivência no sertão. O entusiasmo gerado pelos acertos das previsões e o simbolismo da chuva trazem um sentimento de esperança para a comunidade local.