O tovacuçu-xodó, uma ave rara e difícil de localizar na Amazônia, foi descrita pela primeira vez em 1969, mas nunca havia sido registrada por câmeras até 2023. A espécie, que habita áreas remotas do Acre e do Peru, é extremamente arisca e fica escondida nas densas florestas, tornando sua observação uma missão quase impossível. Seu canto foi registrado diversas vezes desde os anos 1990, mas a ausência de imagens ou filmagens na natureza gerava um grande desafio para pesquisadores e observadores de aves.
O biólogo Ricardo Plácido dedicou anos a buscar o tovacuçu-xodó, enfrentando diversos obstáculos naturais, como tempestades, onças e sucuris, além das dificuldades próprias do terreno de difícil acesso. Em 2018, ele teve seu primeiro encontro com a ave, mas o registro fotográfico se mostrou impossível devido à rápida fuga do animal. Entre 2015 e 2023, suas expedições foram repletas de frustrações, incluindo a destruição de pontos estratégicos por fenômenos naturais, como o “blowdown”, que dificultaram ainda mais a captura de imagens da espécie.
Finalmente, em janeiro de 2023, após meses de tentativas frustradas, Plácido conseguiu registrar as primeiras imagens claras do tovacuçu-xodó no Parque Estadual Chandless, no Acre. Com a ajuda de moradores locais e de muito esforço, ele conseguiu, após três dias de paciência e persistência, documentar a rara ave em um feito considerado histórico para a ornitologia. A captura dessas imagens traz uma reflexão sobre a importância da conservação e do conhecimento das espécies ainda desconhecidas para a ciência.