A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou novas informações sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022. Cid descreve três grupos que se formaram ao redor de Bolsonaro: um de conservadores, um de moderados e outro de radicais. Os conservadores buscavam transformar Bolsonaro em um líder da oposição, enquanto os moderados acreditavam que nada poderia ser feito contra o resultado das eleições. O grupo radical, por sua vez, estava dividido entre os que questionavam a integridade das urnas e aqueles que defendiam uma ação militar.
A investigação da Polícia Federal apontou que o ex-presidente e seus aliados tentaram articular um golpe desde o início de seu mandato, com planos específicos para garantir sua permanência no poder. Uma minuta de decreto golpista foi preparada, e Bolsonaro supostamente deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022, provavelmente para evitar prisão e aguardar o desenrolar dos eventos golpistas que culminaram nos ataques aos Três Poderes em janeiro de 2023.
O relatório da Polícia Federal também destacou o envolvimento de militares e a tentativa de pressão sobre comandantes das Forças Armadas para apoiar o golpe. No entanto, segundo as investigações, a articulação falhou, em parte, graças à resistência de alguns membros do Exército, como o comandante da instituição na época. Além disso, o comitê de campanha de 2022 foi utilizado para reuniões sobre intervenção militar, com alguns participantes sendo citados por suas ações em prol de um possível golpe.