A Prefeitura de Carmo do Rio Claro, localizada no Sul de Minas Gerais, publicou um decreto proibindo a execução de músicas do gênero funk nas escolas municipais. O prefeito justificou a decisão afirmando que as letras de muitas canções do estilo são inapropriadas para o ambiente escolar, principalmente por conterem conteúdos com duplo sentido. De acordo com ele, o objetivo é evitar que os estudantes se acostumem a consumir esse tipo de música, o que, segundo ele, poderia influenciar negativamente seu comportamento. A proibição também se aplica a outros gêneros musicais cujas letras sejam consideradas impróprias para crianças e adolescentes.
A decisão gerou reações de diferentes segmentos da sociedade. O professor de música Bruno Valeriano defendeu que a avaliação das letras deve ser feita de forma cuidadosa, independentemente do gênero, para garantir que o conteúdo seja adequado ao ambiente escolar. Por outro lado, o historiador Jair Soares Júnior destacou a importância de um diálogo entre a comunidade escolar e o poder público antes de tomar decisões unilaterais, sugerindo que a proibição deveria ser discutida com professores e diretores. A advogada Maria Alice Almeira Pereira, por sua vez, questionou a legalidade do decreto, afirmando que a proibição seria inconstitucional, pois fere a liberdade de expressão garantida pela Constituição.
A polêmica também se estende a outras atitudes do prefeito, como um episódio recente em que ele defendeu a anistia para pessoas envolvidas nos atos golpistas de 8 de janeiro. A postura do prefeito tem gerado controvérsia e está sendo analisada pelo Ministério Público. A socióloga Terezinha Richartz, por sua vez, opinou que a solução para o funk não deveria ser a proibição, mas sim um trabalho pedagógico que envolvesse a comunidade escolar na análise crítica das letras das músicas, buscando formar cidadãos mais conscientes e críticos em relação aos conteúdos que consomem.