Em 2024, o preço da carne bovina no Brasil registrou uma alta significativa de 20,84%, a maior desde 2019, impulsionada por uma combinação de fatores. A inflação de alimentos também foi impactada pela elevação dos preços da carne, que se tornou o item com maior peso no cálculo do índice, com destaque para cortes populares como acém, patinho e contrafilé. Entre as razões que explicam esse aumento estão o ciclo da pecuária, o clima adverso, a alta nas exportações e o aumento da renda da população.
O ciclo pecuário é um dos principais fatores que influenciam a oferta de carne. Após anos de muitos abates, a disponibilidade de bovinos no mercado começa a diminuir, o que eleva os preços. Esse processo tende a se prolongar até 2026, uma vez que a produção de bezerros, que levará anos para atingir o peso ideal para o abate, também está em declínio. Além disso, as condições climáticas desfavoráveis, como a seca e as queimadas, reduziram a produção de pastagem, forçando os pecuaristas a adotar alternativas mais caras, como o confinamento do gado.
Outro fator importante é o aumento das exportações de carne bovina, com o Brasil batendo recordes de vendas no mercado externo, especialmente devido a uma oferta reduzida de carne em outros países. A valorização da moeda e o crescimento da renda também estimulam o consumo doméstico. O cenário se agrava com a chegada das festas de fim de ano e o pagamento de benefícios sociais, mantendo a demanda aquecida e contribuindo para a manutenção dos preços elevados nos próximos anos.